sexta-feira, janeiro 30, 2015

Ladies, a sério que ainda estamos a competir com eles?

Esta semana li um artigo, na revista Happy de Janeiro, entitulado Women do it better e com o subtítulo " a ciência diz que somos melhores do que eles (em tudo)".

Ladies, e nós precisamos que a ciência nos diga isto? De que forma é que este estudo contribui para a nossa felicidade?  É assim tão importante que nos digam que somos melhores do que os homens?
E somos efectivamente todas melhores do que os homens? Mesmo a mais incompetente das mulheres? Já lá vamos...

O Site Maria Capaz, que acompanho com assiduidade, esta semana teve vários artigos sobre mulheres de topo e a sua influência nas restantes mulheres, sobre o que significa para a sociedade fazer as coisas #like a girl, sobre feminismo, sobre a necessidade de mudança de mentalidades. Mas por que razão temos ainda tanta necessidade de escrever sobre como os outros nos vêem? Será que só com o reconhecimento exterior temos a certeza daquilo que valemos?

A mudança tem de começar dentro de cada uma de nós. Sempre que entramos em comparações e temos necessidade de dizer ao mundo que somos melhores, isso é sinal que o assunto ainda não está resolvido nas nossas cabeças, quanto mais nas dos outros. É sinal que nós, mulheres, ainda temos um longo caminho a percorrer.

Para além disso, nós somos melhores porquê? Paralelamente às mulheres inteligentes, produtivas, competentes deste mundo não há igualmente mulheres burras, incompetentes e calonas? E o mesmo acontece com os homens, certo? Há de tudo, em ambos!

Como podemos nós argumentar contra a discriminação, quando também nós assumimos como boa a dicotomia Mulher vs Homem? Isso não é o mesmo que fazer a separação entre brancos e pretos? Entre hetero e homossexuais?

A competência, a inteligência, a capacidade de trabalho não se mede em géneros, raças, opções sexuais ou religiosas. Não há homens perfeitos e mulheres imperfeitas, não há brancos inteligentes e negros burros, não há hetero trabalhadores e homos calões, ou vice-versa!

Basta que tenhamos consciência das nossas próprias capacidades e dos nossos limites, para ganharmos consciência que estas dicotomias são ridículas e infrutíferas.

Às mães que têm um filho e uma filha, faço a seguinte pergunta: conseguem escolher qual deles é o melhor? Podem reconhecer que um é mais trabalhador e outro mais preguiçoso, mas que o preguiçoso, por acaso, até é mais perspicaz, enquanto o outro é mais engenhoso. Podem verificar que um tem mais queda para a intelectualidade e o outro é mais dado a trabalhos manuais, que um é mais criativo e que o outro tem uma capacidade de memorização incrível, que um é mais impulsivo e distraído mas carinhoso, enquanto o outro é mais calmo e bom coração. Mas nenhum é melhor que o outro, certo mães?

Por isso, ladies, a sério que ainda estamos a competir com eles? O que é que ainda temos a comprovar?







Sem comentários:

Enviar um comentário

Diz o que te vai na alma