quarta-feira, agosto 20, 2014

O dia em que fui à China, ou quando fiquei a saber que rã sabe a frango!

Limoneiros da minha vida, I´m back!

Já fui ali à China apresentar umas coisas, já fui de férias, e já estou de volta ao batente!
Devo dizer que começo a ter algum receio de sair de casa... vou à Tailândia os Espírito Santo andam à nora, vou à China o BES cai, venho do Algarve andam atrás do Montepio.
Enfim, adiante!

Ora então perguntam vocês, como foi Guangzhou?! Foi bom, mas para passeio não se recomenda! 30 milhões de habitantes, quase fotocópia, e não me refiro só às feições.

Guangzhou (Cantão) é uma cidade portuária no sul da China, recentemente transformada num dos maiores centros financeiros do país. Em 2008 foi considerada uma cidade global beta, ou seja, de grande influência económica no mundo. Foi lá que fui à procura de investidores chineses, interessados em Portugal no âmbito do Golden Visa.

Foi lá que me desiludi com a ausência de "cultura chinesa". Aquela da doutrina taoísta, do Yin e do Yang, do Feng Shui, da Cerimónia do Chá, dos Mestres de Shaolin (lembram-se?!), da Dança do Dragão, da Arte do papel, dos Provérbios sábios, dos profundos conceitos filosóficos, e todas essas cenas com que o meu imaginário fantasiava.

As cidades cresceram (e ainda bem), mas sem qualquer respeito ou preocupação pela história, pela preservação do património, pelo passado. Provavelmente porque do passado há muito que nem convém recordar, mas não me parece que seja esse o motivo principal.

Cantão está repleta de hotéis, shoppings e edifícios de escritórios, cada um mais alto e imponente que o outro. A construção dos edifícios é rápida e sem fiscalização (chegam a concluir um piso inteiro por dia). O que importa são as aparências, a última moda, o produto mais caro, o mais excêntrico. Comunismo onde andas tu?

Não há You Tube ou Facebook na China, mas há uma catrefada de outras redes sociais e o volume de compras online é absolutamente inimitável. Há programas para os jovens aprenderem a investir (não é poupar, é investir!), há um canal televisivo exclusivo para o imobilário com QR Code para cada imóvel (MEO e NOS, shame on you por ainda não se terem lembrado disto!).

A profissão de social media concierge é já uma coisa banal (alguém que é pago para gerir não a página da nossa empresa/negócio, mas para gerir a nossa vida nas redes sociais e exibir aquilo que somos e, quiçá, que não somos).

No metro consulta-se a cotação da bolsa no iphone ou no Samsung topo de gama. Tudo é tecnologia, mas tudo é efémero e em vias de extinção. Um restaurante com mais de três anos já está fora de moda. Ou se reinventa ou morre! Há uma necessidade de consumismo e exibicionismo como eu nunca vi em lado algum.

Apesar de a minha deslocação ter sido curta e por motivos profissionais, queria muito ir para além das salas de reuniões. Ninguém faz dezoito horas de voo até à China para se restringir a isso, bolas!
Perguntei se havia museus, templos, monumentos, que pudesse visitar no último dia. Após algumas tentativas falhadas, lá me disseram que havia um museu que talvez valesse a pena visitar: Guangdong Folk Arts Museum. E lá me aventurei pelas linhas de metro, na companhia de dois colegas de viagem (obrigada Diogo e Alejandro por alinharem na minha loucura), à procura de uma réstia de cultura chinesa que merecesse ser vista e fotografada. Valeu a pena!

Na minha deslocação à China, fiquei a saber que:
- o que tem-quatro-patas-e-ande e o que tem-asas-e-voe, é tudo comestível;
- rã sabe a frango;
- guardanapos à mesa, são um luxo e por isso são pagos à parte;
- quem não casa e tem filhos antes dos trinta é tratado com desprezo;
- quem não demonstra ter sucesso profissional é tratado com desprezo;
- o metro em hora de ponta é qualquer coisa de proibitivo!;
- as senhoras urinam de pé/cócoras;
- a poluição cobre todo e qualquer vestígio de céu azul, por isso grande parte deles anda mascarado de enfermeiro;
- tudo é negócio: se nos sugerirem um restaurante estão à espera de receber comissão;
- as chinesas primam em ser brancas como cal e por isso o guarda-chuva/sol é acessório fundamental. (Agora percebo porque nunca encontro chineses na praia);
- Não se curte a vida, mas também não se vive para o trabalho. Vive-se para o dinheiro.

Esta cidade é apenas uma migalha num país tão vasto, e quero acreditar que para além da China dos negócios existe ainda algures a China do meu imaginário,  por ambos espero um dia lá voltar!

Rã, anyone?



A China dos negócios:






E depois há estas lufadas de ar fresco:









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